O SIGNIFICADO DE UM NOME
by Immanuel
Muitas tradições universais nos falam acerca do nome da divindade. Os mistérios iniciáticos também dão a entender que o neófito submetido a provas acaba por descobrir o nome esotérico de Deus, o que lhe garantirá o acesso à Sua Sabedoria.
Mas afinal do que se trata quando falamos do “nome da divindade”? E o que é um nome?
Quando nos dirigimos a alguém, normalmente o saudamos pelo nome. Esse nome de batismo é geralmente escolhido pelos pais ou tutores e se baseia no conjunto de crenças e afinidades que eles possuíam no momento. A escolha de um nome é permeada pela esperança de sucesso na vida do batizado, sendo que é comum a escolha de nomes imponentes ou expressivos para garantir a grandiosidade do futuro da pessoa. Por outro lado, os nomes também possuem caráter estético e por vezes seguem as tendências culturais de uma época.
Ocorre que somos menos lembrados pela estética ou expressividade de nossos nomes do que pelas obras que fazemos em vida. Alguns que entraram para a história de um determinado grupo social, seja com boas ou más obras, possuem nomes bem comuns, por vezes beirando a irreverência. Logo, nomes, sejam eles escritos ou verbalizados, dificilmente podem ser utilizados como parâmetro final para caracterizar definitivamente alguém.
Alguns podem argumentar que cada nome possui características vibracionais próprias quando são verbalizados, podendo influir psiquicamente sobre aqueles que os ouvem. De fato, isso ocorre na medida em que o agente receptor do som que carrega o nome entenda a mensagem que lhe foi transmitida. E existem algumas classes de sons com características vibracionais específicas – como é o caso dos mantras – que quando corretamente emitidos possuem a capacidade de despertar alguns estados mentais superiores.
Cada ser possui uma carga própria de experiências, que no decurso de miríades de ciclos de existência, seja neste ou em outros planos, vão pouco a pouco construindo o que cada um é de fato. Esta ancestral carga de especificidades e particularidades de cada ser é o que constitui sua real forma. Nossos corpos físicos, astral, energético e mental são apenas um pálido arremedo do princípio imortal que constitui o verdadeiro ser.
O acúmulo de experiências, vivências e boas obras, acumuladas desde tempos remotíssimos são a verdadeira e particular expressão de cada ser. E na ausência de uma definição melhor, podemos dizer que cada ser “vibra” de acordo com uma dada “frequência”, que é o ser em si. Tal frequência então é o verdadeiro “nome” de cada um. Um nome que muda constantemente, pois a cada dia que passa somos diferentes, dado o acúmulo de pequenas e grandes experiências diárias.
Então para conhecer de fato o nome de alguém, não é suficiente olhar o seu RG e ler as palavras que ali estão escritas – não obstante terem sua utilidade social -, para conhecer a natureza vibratória que identifica o ser real, cabe interagir com aquela pessoa. O diálogo de alma para alma é então a única forma de conhecer de fato o nome de alguém.
E quando os iniciados falam acerca do nome de Deus, estão se referindo a este “nome” vibracional que a divindade também possui. E tal nome está em cada um de nós pois somos constituídos em essência da mesma natureza da divindade, e portanto, o aperfeiçoamento espiritual significa “vibrar” cada vez mais próximo da frequência Ideal. O acúmulo de boas obras, de experiências edificantes, do estudo da exegese maçônica, da meditação acerca do que se vai aprendendo, a serenidade mental, tudo então nos aproxima da divindade e de seu estado vibracional.
Não é possível expressar o nome da divindade em palavras, sejam estas escritas ou verbalizadas. Para conhecer o nome de Deus, faz-se necessário se aproximar da divindade com reverência, humildade, por intermédio de reta conduta e com o coração pleno de sinceridade. Intentando vibrar em consonância com o mundo divino, cada vez mais vivendo naquela atmosfera, seremos cada vez mais participes do conhecimento do nome de Deus.
Não é uma tarefa fácil, pois depreende a jornada do desapego e do contato intuitivo com nossas faculdades superiores. Alguns talvez encarem tal jornada como impossível, transcendendo em muito suas potencialidades aparentes. Mas lembremos que todos estamos em uma jornada de aprendizado, sendo por vezes suficiente que saibamos cumprir com o nosso dever perante nossa própria consciência. Todos temos um propósito, e os deuses conduzem corretamente nossas necessidades de aprendizado.
Chuang-Tzu, um sábio chinês, escreveu o seguinte conto:
Um carpinteiro ambulante, chamado Stone, viu no decorrer das suas viagens, em um campo próximo de um altar rústico, um velho e gigantesco carvalho. Disse a seu aprendiz, que admirava o carvalho: “Esta árvore não tem qualquer utilidade. Se quiséssemos fazer um barco com sua madeira, ele logo apodreceria; se quiséssemos usá-la para ferramentas, elas logo se haviam de quebrar. Para nada serve esta árvore, por isso chegou a ficar assim tão velha.”
Mas naquela mesma noite, numa hospedaria, o velho carvalho apareceu em sonhos ao carpinteiro e disse-lhe:
“Por que você me compara às árvores cultivadas, como o pilriteiro, a pereira, a laranjeira, a macieira e todas as outras árvores frutíferas? Antes de amadurecerem os seus frutos as pessoas já as atacam e violentam quebrando-lhes os galhos e arrancando-lhes os ramos. As dádivas que trazem só lhes acarretam o mal, impedindo-as de viver integralmente, até o fim, a sua existência natural. É o que acontece em todos os lugares; por isso esforço me, há tanto tempo, para permanecer completamente inútil. Pobre mortal! Crês que se eu tivesse servido para alguma coisa teria chegado a esta altura? Além disso, tu e eu somos ambos criaturas e como pode uma criatura erigir-se em juiz de outra? Inútil mortal, que sabes a respeito da inutilidade das árvores?”
O carpinteiro acordou e pôs-se a meditar sobre o sonho. Mais tarde, quando o aprendiz perguntou-lhe: por que só havia aquela árvore a proteger o altar rústico, respondeu-lhe: “Cala-te! Não falemos mais nisso! A árvore nasceu aqui propositadamente, porque em qualquer outro lugar acabaria por ser maltratada. Se não fosse a árvore do altar rústico talvez já a tivessem derrubado.”
O Maçom que está na senda iniciática, grau após grau, estudando novos aspectos da tradição maçônica e explorando novos ramos do autoconhecimento, após anos de estudo e pesquisa, talvez se frustre ante o enorme cabedal de conhecimentos que encontra pelo caminho, que podem gerar mais dúvidas e confusão do que respostas.
Muitos acabam adormecendo e preferindo voltar-se completamente aos interesses profanos, questionando a utilidade prática do esquema referencial Maçônico. Também se sentem pequenos e incapazes de compreender a totalidade do Templo.
Porém não esqueçamos da lição do carvalho, saibamos a importância que temos ante a custódia do Templo – seja ele externo ou interno – e ante a preservação da tradição Maçônica. E não esqueçamos a máxima: “Honrai as Verdades com a Prática”
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