O RETÁBULO E O DOSSEL
Nas oficinas Maçônicas, existe sobre o trono do Venerável e demais presidenciáveis, uma estrutura quadrangular, adornada com seda e franjas. A essa estrutura denomina-se Dossel.
O Dossel pode ser adornado por diversas cores, e por elementos simbólicos relacionados ao caráter da oficina e ao Rito praticado em Loja. Significa ali a unidade de intenções da Loja, pairando sobre o Venerável Mestre, representante ali presente, que deverá conduzir a sessão conforme ali indicado.
No dossel do Rito Adonhiramita prevalecem as cores azul e amarelo, sem adornos. O azul expressa os pensamentos espiritualizados e elevados. É a cor da verdade, da lealdade, da serenidade e da infinitude, pois São João o relaciona ao grande abismo. O amarelo está relacionado ao Sol e ao ouro, ou a Luz e a Sabedoria divinas. Nas virtudes teologais esta cor simboliza a fé e nas mundanas a generosidade do coração. Para a tradição oriental é a cor relacionada a intuição ou Budhi. Segundo algumas tradições, o amarelo é a junção do branco – símbolo da Sabedoria – com o vermelho – símbolo do Amor. Os egípcios representavam suas divindades sobre um disco dourado, tradição que foi adotada pelos cristãos ao representarem seus santos com um círculo dourado na cabeça – tratava-se de um tipo de representação da iluminação imortal.
Para a Maçonaria, o amarelo ouro exprime a magnificência e a sabedoria, sendo o amarelo pálido símbolo da traição e do vício. Já o azul extremamente desbotado representa a ausência do que é divino e sublime. Portanto, é importante observar a vivacidade das cores presentes no Dossel.
Já o que chamamos de Retábulo – do espanhol retablo – é a estrutura, ou painel, que se encontra abaixo do Dossel e atrás do trono do Venerável Mestre. Nesse painel vemos a Lua e o Sol, respectivamente à direita e esquerda do trono, estando o Delta Luminoso ao centro.
Albert Mackey escreve que “a adoção da Lua no Sistema Maçônico e por anologia, mas pode ser apenas por derivar este símbolo das antigas religiões. No Egito, Osíris era o Sol e Ísis a Lua; na Síria, Adonis era o Sol e Astarot a Lua; os gregos a adoravam como Diana e Hecate; nos mistérios de Céres, enquanto o hierofante ou sumo sacerdote representava o Criador; e o portador de archote o Sol, o epibómios, ou o oficial mais próximo do altar, representando a Lua. Em suma, o culto da Lua era bastante difundido, tanto quanto o do Sol. Os Maçons mantêm a sua imagem em seus Ritos, porque a Loja é uma representação do Universo, onde, como o Sol governa durante o dia, a Lua preside durante a noite; como um regula o ano, assim faz o outro com os meses, e como o primeiro é o rei do exército estelar, esta última é a rainha; ambos, porém, recebem o calor, a luz e a potência Dele que, como a terceira maior luz, o Senhor do céu e da Terra, controla a ambos”.
Está divindade máxima que, no dizer de Mackey, fornece calor, luz e potência ao Sol e a Lua é representado pelo Delta Luminoso, que está ao centro do Retábulo. Este consiste em um triângulo equilátero – símbolo da perfeição, da harmonia e da sabedoria, dentre muitos outros simbolismos – estando em seu centro o olho da inteligência ou da consciência desperta. Do centro do olho seguem raios luminosos, simulando uma irradiação, símbolo da emanação divina que a tudo forma.
Outro elemento presente no Retábulo são as nuvens que a tudo permeiam. Nuvens são resultado da condensação de partículas de água, e estruturas indefinidas. Em nosso contexto elas são a reunião das emanações divinas ainda em estado primordial e incognoscível. Saint Martin escreve que as nuvens “escondem o brilho da luz que às vezes abrem sulcos nas trevas humanas, porque nossos sentidos não poderiam suportar o esplendor.”
Por fim temos no Retábulo a representação do aglomerado estelar das Plêiades. Para os antigos, esse pequeno aglomerado era o centro solar da galáxia, mas aqui se relacionam aos Maçons, pois a palavra possui significado etimológico à reunião de sete pessoas ilustres ou sete Mestres Maçons.