ALEXANDER SCRIABIN (1870-1915)
by Immanuel
(Sylvia Cranston)
No seu prefácio ao livro de Faubion Bowers, The New Scriabin, o notável pianista russo Vladimir Ashkenazy escreveu:
“Considero Scriabin um dos maiores compositores… Sua música tem um idealismo único… A base do seu pensamento era uma fé e lealdade indestrutíveis à arte como meio de elevar o espírito humano e de mostrar a luz a bondade e a verdade. Embora não possamos dizer que sem compreender sua filosofia é impossível compreender a sua música, nós penetraremos mais profundamente na sua música se estudarmos aquilo que motivava Scriabin. Não podemos separar o homem-filósofo e o compositor de uma música tão bela.”
Qual era, então, a filosofia de Scriabin? Boris Schloezer, o biógrafo russo do compositor revela que a teosofia foi a única influência externa muito forte que ele sofreu. Na biografia em dois volumes de Faubion Bowers sobre Scriabin, encontramos informação detalhada a esse respeito.
De acordo com o relato de Bowers, no começo do século, Scriabin leu a tradução francesa de “A Chave Para a Teosofia”, de Helena Blavatsky (HPB), e escreveu nessa ocasião (5 de maio de 1905): “A Chave Para a Teosofia é um livro notável. Você ficará assombrado ao ver como ele se aproxima do meu pensamento”. Bowers escreve que “a partir deste momento, mais e mais amigos e seguidores dele foram atraidos para a Sociedade Teosófica”. Os seus colegas mencionam que, ao conversar, Scriabin citava a todo momento assuntos teosóficos e a personalidade de Blavatsky. Uma tradução em francês de A Doutrina Secreta era considerada um dos sens objetos mais preciosos.
Em 1922, o apartamento de Scriabin na Rússia foi transformado em museu do estado e restaurado de modo a ficar idêntico a como era durante a sua vida. Os seus livros, incluindo A Doutrina Secreta, foram localizados e readquiridos. Esse apartamento, diz Bowers, tinha uma tremenda influência na inspiração de jovens cmpositores e era “um local de reunião para a juventude”.
Após o seu contato com a teosofia, o trabalho de Scriabin passou a ter um forte tom místico. O musicólogo Gerald Abraham compara o primeiro trabalho orquestral do compositor, um concerto para piano composto em 1896-97, com a maior composição de Scriabin, sua quinta sinfonia, Prometheus, escrita em 1909-10, e comenta: “É difícil acreditar que em treze anos um compositor pudesse ter evoluido de um concerto elegante, gracioso, com um estilo semelhante ao de Chopin, Para um trabalho considerado nos seus dias como pertencendo à primeira fila da vanguarda renovadora”.
Bowers observa:
“Tem havido poucos compositores especificamente misticos como Scriabin. As contrapartes mais significativas não são encontradas na música, mas na poesia, com William Blake, ou na pintura, com Nicholas Roerich… A filosofia de Scriabin necessitava acima de tudo ser transubstanciada em música.”
O compositor desejava despertar novamente os seres humanos para os seus eus essenciais. Scriabin escreveu que “nos mistérios da antiguidade havia uma transfiguracão real, segredos e santidades reais”, mas “todos os nossos pequenos santos de hoje esqueceram completamente os seus antigos poderes”. Quando esses “pequenos santos” tentavam atacar Blavatsky e qualificá-la de fraudulenta, Scriabin defendia-a dizendo: “Todas as pessoas realmente grandes estão sujeitas a esse tipo de calúnia e ‘ignomínia’”.
Em 1987, a biografia escrita por Schloezer sobre Scriabin foi publicada pela primeira vez em inglês. Entre as muitas referências feitas à teosofia e a HPB em todo livro, Schloezer escreve:
“[Scriabin] sentia que seu próprio desenvolvimento devia-se muito à obra A Doutrina Secreta, da sra. Blavatsky; na verdade, ele sentiu uma admiração tremenda pela sra. Blavatsky até o fim da sua vida. Ele era particularmente fascinado pela coragem dela ao escrever uma síntese tão comparava à grandeza dos dramas musicais de Wagner… A visão teosófica do mundo serviu como incentivo para o seu próprio trabalho. “Eu não discutirei com você a verdade da teosofia”, disse ele a [Schloezer] em Moscou,“mas eu sei que as idéias da sra. Blavatsky auxiliaram-me no trabalho e deram-me forcas para cumprir a minha tarefa”.