A TÉTRADA PITAGÓRICA
by Immanuel
Para os Pitagóricos a Tetrada ou Tetractys é um símbolo que representa um sistema iniciático completo, amplo e profundo. Ela se constrói a partir de representações numéricas que são identificadas com as emanações da criação. O Uno ou estado negativo de existência emana o número dois, que representa o estado imperfeito, o ser que se separa da Unidade ou divindade. O segundo grau então é um estado desordenado e confuso, o qual é característico de todos os números pares, haja vista que nestes a dualidade é um divisor sempre implícito. Os números ímpares conteriam o que é perfeito, pois neles somente a unidade ou outros números ímpares estariam contidos. Números primos expressam, inclusive, a máxima perfeição, pois estão relacionados somente com sua própria essência formativa e com a unidade.
A Unidade é o princípio de todas as coisas. Após a mônada universal observar a si própria, veio a incerteza, a dualidade, com a consequente manifestação nos planos materiais. A Unidade e a Dualidade engendraram o número perfeito, o 3 (a Trindade), o todo ideal que representa o início, o meio e o fim, os três Logos ou ideias primordiais que estruturam a essência do universo e de todas as suas manifestações. Com a idealização das formas, e o seu domínio pelos seres vem o 4 (Quaternário), que é a realização do ideal no material. Após o Quaternário o elemento humano se manifesta na Pentalfa, símbolo do segundo grau = Companheiro Maçom – como fator potencial de regeneração da divindade.
A compreensão do significado conjunto destes quatro números forma a década (1+2+3+4 = 10), que é a unidade futura, a ser conquistada após um longo processo evolutivo, regido pelo estudo da ética e prática da moral. A Década (10) é a soma da Unidade (1), da Contradição (2), da Perfeição (3) e da Realização (4). Estes princípios somados sintetizam o processo iniciático pitagórico.
Tal processo iniciático vinha com profunda contemplação sobre a Tétrada Pitagórica. Contemplar vem do latim Cum Templum, significando estar em consonância com o templo. Assim, para o trabalho Maçônico, contemplação se relaciona a construção intuitiva do Templo em nossa percepção interna.
Os juramentos dos Pitagóricos eram sobre a Tétrada e todos os seus temas aritméticos se davam com o auxílio de pequenas pedras (cálculos – em grego – daí o termo moderno que se refere aos princípios de contagem).
A Tétrada Pitagórica é um triângulo equilátero – símbolo do elemento terra no sentido de divindade manifestada – formado por dez pontos equidistantes, ou cálculos, cada qual com um significado simbólico, dispostos como na figura a seguir.
O termo Tétrada vem das quatro linhas paralelas que podem ser traçadas horizontalmente. Esta figura foi profundamente estudada por hermetistas, cabalistas, filósofos e esoteristas, obtendo várias interpretações. Existem muitas associações da Tétrada com outros sistemas simbólicos e iniciáticos. Como sendo uma estrutura arquetípica e universal, ela pode ser relacionada a diversos sistemas, tais como à Arvore da Vida, Tetragrammaton, Planetas em sua configuração astrológica, etc.
Nesse sentido, a Tétrada também pode ser emprestada ao simbolismo maçônico para auxiliar certos conceitos. O ponto central representa a letra G; a união de todos os pontos externos da Tétrada forma o Todo Supremo (GADU). Os três triângulos entrelaçados – que podem ser observados no interior da estrutura – representam as três luzes da Loja; os vários cálculos menores representam os vários cargos, na ordem que segue, sendo que fizemos a correlação com as sephirot para facilitar a associação com a Tétrada, conforme a figura anterior: 1 – Venerável Mestre (Kether), 2 – Secretário (Chokmah), 3 – Orador (Binah), 4 – Hospitaleiro (Chesed), 5 – Tesoureiro (Geburah), 6 – Mestre de Cerimônias (Tipharet), 7 – 2º Vigilante (Netzach), 8 – 1º Vigilante (Hod), 9 – 2º Experto (Yesod), 10 – Cobridor Interno (Malkut). Os triângulos em oposição lembram as contradições em Loja – lembrando que toda manifestação concreta possui o seu oposto no mundo manifestado; os quadrados, vistos em diagonal, lembram o pavimento mosaico; finalmente a figura ainda contém 9 triângulos inscritos, ou 3×3 que é a saudação maçônica universal.
Pelo princípio hermético do mentalismo, o Universo obedece aos ditames do pensamento. Este pode ser gradualmente refinado à medida que conseguimos elevar a forma com que lidamos com os planos mais sutis. Partimos do pensamento concreto, que é o que utilizamos quotidianamente para impor nossa vontade sobre o mundo material, e para organizar nossos pensamentos. Na sequência, com a prática e esforço de vontade, podemos influir sobre os mundos astrais e espirituais superiores.
Os tipos mentais que podemos utilizar para agir nos planos de existência são: mental concreto no mundo material; mental puro no mundo astral; intuição no mundo espiritual; e não pensamento (ou pensamento negativo) no mundo divino. Apenas podemos conceber o pensamento concreto, os demais dependem da vivência nesses planos para serem adequadamente compreendidos. Mas podemos desenvolver o hábito de pensar simbolicamente, deixando um pouco de lado as palavras na mente e utilizando símbolos para começar vivenciar a existência nos planos superiores. Para tanto propomos a seguir algumas práticas que podem ser de grande auxílio.
Práticas
I – Mentalização.
O exercício simples de mentalização proposto é baseado nos princípios de Magia Cerimonial Simbólica e inicia com a prática meditativa. O praticante deverá estipular o tempo adequado a sua capacidade consciencial atual de serenar a mente e afastar toda a turbulência mental. Após entrar em estado meditativo adequado, o praticante deverá idealizar a imagem da Tétrada Pitagórica, associando-a ao Templo Maçônico, conforme descrito anteriormente.
A seguir, o praticante deverá fixar a imagem criada em um ponto específico do campo mental, tentando concentrar-se e trazê-la para a parte de trás dos olhos, mantendo lá por um certo tempo. Na dificuldade de fixar a imagem na posição indicada, o praticante poderá idealizar um campo mental maior, transladando os olhos para bem mais à frente.
Recomenda-se que este exercício seja feito diariamente, durante a eventual prática de meditação rotineira, podendo resultar em alguns benefícios, que irão depender da compleição espiritual do praticante. Convidamos o praticante a compartilhar seus resultados com sua Coluna, a fim de desenvolvermos um estudo sobre a prática.
II – A Tétrada e o Tarô.
Outra prática se refere ao uso da Tétrada na meditação com o baralho Tarô, que não é somente um instrumento divinatório, mas um sistema simbólico que pode auxiliar no autoconhecimento. É sabido que o Taro é estruturado de acordo com os princípios cabalísticos, e para aprofundar o tema recomendamos o livro “O Tarô Cabalístico” de Robert Wang. Os cálculos que compõem a Tétrada são organizados hierarquicamente a fim de estruturar a disposição dos Arcanos do Tarô, conforme a figura a seguir:
Não faremos uso divinatório desta prática, a postura da consulta deverá ser específica para o autoconhecimento e para conselhos de natureza maçônica. Após o embaralhamento usual – existem diversas formas de fazê-lo, mas recomenda-se o uso de todos os Arcanos Maiores e Menores – com o foco da atenção na evolução espiritual, passa-se a interpretar as cartas como segue.
A primeira linha de uma única posição representa a premissa da leitura ou a postura do consulente em relação ao Universo, formando uma base para a compreensão de todas as outras cartas.
A segunda linha de duas posições representa o Universo e o consulente, e a relação de ação e reação entre ambos. A Carta de Luz à direita representa a influência que conduz o consulente as ações positivas que toma. A Carta Escura à esquerda representa a reação do Universo às ações do consulente.
A terceira linha de três posições representa três caminhos que o consulente pode seguir. A Carta do Criador é a da direita, representando novas decisões e direções que podem ser tomadas. A do centro é a de Sustentação, representando decisões, atitudes, e fatos que não devem ser mudados e que podem contribuir para manter o equilíbrio do consulente. A Carta Destruidora é a da esquerda, representando velhas decisões e caminhos que devem ser abandonados.
A quarta linha, de quatro posições, representa os quatro elementos primordiais, símbolos da matéria que o consulente deverá aprender a controlar internamente. A carta de Fogo é a da direita, representando a força criativa dinâmica, e a vontade pessoal a ser desenvolvida. A carta seguinte corresponde ao elemento Ar, representando a mente, os pensamentos e estratégias que deverão ser controlados na direção dos objetivos. A terceira é a do elemento Água, representando as emoções, sentimentos e caprichos a serem dominados. A última carta corresponde ao elemento Terra, representando os aspectos mais densos do corpo físico a serem controlados.