A FILOSOFIA DO COMPANHEIRO

by Immanuel

O conceito de Filosofia é amplo, mas pode ser investigado por dois caminhos. O primeiro deles, o conceito clássico e mais antigo, associa a Filosofia com a espiritualidade, pois admite que o ser humano transcende a matéria e busca vias de investigar a sua ligação com os mundos divinos.

A definição clássica da Filosofia, de acordo com o pensamento grego, remete ao conceito de Filosofia Natural, que pode ser mais bem compreendido a partir de uma perspectiva etimológica: philos + sophia, são palavras oriundas do grego e possuem significado que convida à reflexão. Philos, é algo como amor, afinidade, busca, e que se vivencia aquilo que se adquire ou é encontrado. Sophia é sabedoria, mas exprime também o conceito de verdade, beleza, bondade e justiça. Desse ponto de vista o filosofo é aquele que utiliza inicialmente a agudeza racional (o cinzel) para investigar as leis da natureza, fazendo uso da vontade (o malho), visando desvelar o conhecimento oculto. O filosofo também descobre que a reta ação e a intuição são ferramentas indispensáveis à investigação das leis naturais, e que são adquiridas ao longo do caminho de aprendizado.

Segundo este conceito, a divina harmonia da natureza é então objeto de estudo da filosofia, e a sua reverência, por parte do filosofo é o que chamamos de amor ao conhecimento. O filosofo entende que não estuda um objeto apartado de si próprio e que ele também faz parte da natureza, pois a totalidade dinâmica do universo reúne todos os seres, sencientes ou não, em um ritmo de vida Una e Divina.

De acordo com o estado consciencial de cada um, é possível captar ou compreender apenas uma parte do todo manifestado ou imanifestado. Assim, é necessário seguir investigando os conceitos naturais a fim de seguir aperfeiçoando a capacidade da mente em assimilar a universalidade filosófica que nos cerca.

Uma segunda maneira de definir o que é filosofia é associá-la a um método racional de investigação acerca dos princípios e das causas no âmbito de cada ciência. Assim, cada uma das ciências possui um sistema de estudo próprio dos objetos, dos métodos e das conclusões acerca deles. Para uma dinâmica mais mecanicista, essa abordagem possui mais relevância.

Ante a enorme amplitude da ciência moderna, esta abordagem da filosofia se confunde com o método científico, ferramenta indispensável para investigar novas teorias e comprovar hipóteses científicas. E de um ponto de vista acadêmico a filosofia considera basicamente quatro ramos ou vias de investigação acerca do que vem a ser o elemento humano:  psicologia, ou o estudo do espírito humano; a lógica, que é o estudo do método científico; a metafísica, que é o conjunto das conclusões acerca do homem, do universo e de Deus; e a moral, ou aplicação dos usos e costumes em nossa vida diária.

Ragon, um eminente escritor e filosofo maçom, escreve que “em vez de dizer conhecimento (faculdade de conhecer), diz-se filosofia, ou a razão que opera pela sua própria virtude (faculdade) que experimenta, que compara, que retira o fato do seu elemento, para agrupá-lo, generalizá-lo, elevá-lo ao estado de lei, e do estado de lei ao estado de ciência. Toda descoberta provém da filosofia. Ela é, portanto, a primeira ciência, a ciência das ciências. Todo homem genial ou sábio, começou por ser filosofo. A filosofia destrói o erro. Os princípios filosóficos dos antigos que eram a base dos ensinamentos secretos dos grandes mistérios, transmitiram-se, através das idades, pelos iniciados.”

O Companheiro Maçom pode reunir o melhor dos dois conceitos expostos para construir o seu método filosófico de investigação das leis inexploradas da natureza, tomando a si próprio como laboratório, pois possui a sua disposição todo um ferramental intelectual e simbólico para levar adiante o seu trabalho de autoaperfeiçoamento no caminho das virtudes, associado ao polimento da pedra cúbica.

A praticidade filosófica remete a aplicação dos conceitos estudados, tanto no âmbito da simbologia ou da ética maçônicas, quanto na vida diária do maçom. A vontade do maçom de transcender o estado de vida – muitas vezes infeliz – em que se encontra, leva-o a buscar a aplicação da filosofia em sua vida diária, tornando-se um centro referencial de virtude entre seus pares e meio social. Cada maçom é uma pedra que sustenta a sociedade e quanto mais polida puder ser – isto é, quanto mais naturalmente virtuoso puder ser –, mais poderá contribuir para a construção de uma sociedade justa e melhor.

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