A ELEVAÇÃO

by Immanuel

No momento em que o Sol completa um ciclo zodiacal, após um longo percurso, em trânsito pelas sete esferas celestes, o Aprendiz é convocado por sua própria consciência a se declarar apto ao processo cerimonial de Elevação ao segundo grau da senda Maçônica.

Falamos de completar um ciclo zodiacal em referência a uma analogia com os trabalhos internos que o Aprendiz deve conduzir. E os sete céus ou esferas celestes remetem a profunda reflexão em cada um dos sete aspectos que constituem o indivíduo. Tal como Hercules que vencerá seus doze trabalhos, o Aprendiz deverá ter observado o interior de sua personalidade, esquadrejando a pedra bruta de que é composto, e impondo controle a si próprio.

Como um alquimista que realizou a obra em negro, com o subjugo dos elementos terra e água, cabe agora dar um importante passo em sua senda iniciática.

Transpor o umbral que leva ao segundo grau é reconhecer que agora o trabalho alquímico se dará nas esferas mais sutis de consciência. É o momento de começar a trabalhar a psique interna. No dizer da Helena Blavatsky, deverá confrontar e impor controle sobre o seu mental concreto – ou mental racional e egoísta – e sobre o epicentro de suas emoções de natureza animal.

É o momento de iniciar o despertar da consciência, pois esta surge da dualidade. A consciência surge no universo a partir do contraste entre a atividade e o repouso, entre o silêncio o som de uma nota musical, parafraseando Pitágoras.

Por isso o segundo grau é associado ao confronto e a incerteza. Vencer a personalidade se configura em um dos maiores desafios ao Maçom. Somos compostos de diversos veículos que juntos compõem o que chamamos de ser, e estes se subdividem em inferiores e superiores. O trabalho do construtor sagrado é edificar o pleno acesso aos seus aspectos superiores, por intermédio do ferramental que é constituído por seus veículos inferiores. Quando tudo está harmonicamente equilibrado, o ser superior pode reinar sob si próprio e finalmente existir em paz.

Mas é improvável que nossos veículos inferiores não lutem para garantir que sua natureza egóica prevaleça neste campo de batalha sagrado que somos cada um de nós. Por isso tantos Irmãos preferem subsistir sob a tutela de seus veículos inferiores, mostrando-se adormecidos para os ideais edificante e atemporais da Maçonaria.

O agora Companheiro Maçom deve estar preparado para persistir no confronto. Por isso afirmamos que o trabalho será realizado agora sob o elemento ar. O Maçom, agora trabalhando como um alquimista, deverá observar a fluidez de suas emoções, que normalmente dominam ao sabor do vento soprado pelo ego. Deverá procurar criar o habito de observar-se a si mesmo, como um divino médico. Perscrutando e meditando sob si próprio deverá verificar qual remédio é o mais apropriado para cuidar de alguma enfermidade da alma que for descobrindo. Normalmente um vício é curado com a virtude que lhe é a antítese. Assim, o avarento deverá se curar com a generosidade, o iracundo com a amabilidade, o luxurioso com a decência, o pedante com a simplicidade, e assim por diante.

Tantos Maçons adormecem neste grau por justamente – ou injustamente – não terem tido forças ou apoio suficientes para superar os seus confrontos internos. E o combate é árduo, todos reconhecemos isso. Lutar contra si próprio é o supremo trabalho do Maçom em sua senda. Tal como narrado no clássico atemporal Baghavad Gita, quando o guerreiro Arjuna, antes da batalha na planície de Kuru, pede auxílio e conselhos ao divino Senhor Krishna, devemos também olhar ao nosso divino ser inspirador, que nos acompanha por toda a existência, e a quem nem sempre rendemos as devidas graças e deferências. Se nos colocarmos submissos a vontade Dele, deste nosso Ser Espiritual e superior, sairemos vitoriosos e melhor preparados para ingressar aos graus superiores da Divina Maçonaria.

Jorge Adoum escreve que a Elevação é um processo iluminado, pois o Aprendiz já conheceu o caminho ascensional. E esta visão clara e iluminada deverá ser aperfeiçoada no segundo grau para que o Maçom proceda o estudo e o aprofundamento da natureza do pensamento, da consciência, da inteligência, da vontade e do livre-arbítrio.

Muitos são os símbolos que serão apresentados ao Aprendiz durante o cerimonial de elevação, e a natureza de cada um deles será apresentada no decorrer das demais lições deste livro.

Com os ensinamentos de seu Mestre Interno, o Aprendiz agora está apto a receber melhor salário e conhecimentos mais aprofundados. Tornou-se um artífice da superação e deverá continuar a seguir o caminho guiado pelo seu Mestre, porque apesar dos progressos feitos na Maçonaria, ainda possui passos incertos e sujeitos a erros, necessitando de apoio e de orientação.